Estima-se que serão 500 toneladas de pesticidas ilegais

O Brasil deve apreender um recorde de 500 toneladas de pesticidas ilegais em 2022, mais que o dobro do volume em 2020, à medida que o governo intensifica a fiscalização em meio à crescente demanda por agroquímicos.

O esperado aumento nas apreensões reflete uma maior cooperação entre vários entes governamentais, e tem o objetivo de impedir que grandes organizações criminosas capitalizem com este tipo de comércio, disse um funcionário do Ministério da Agricultura.

O crescente mercado ilegal impõe riscos à cadeia de suprimentos das multinacionais de grãos que operam no Brasil, além de ser um perigo para a saúde pública.

Como o Brasil é um país tropical, os agricultores daqui precisam de mais defensivos para proteger lavouras de milho e soja, entre outras.

Seus pares em países concorrentes, onde o clima é mais frio, usariam menos esses químicos, segundo o funcionário.

“O crime organizado vai se direcionar, como uma grande empresa, a buscar aquilo que traz mais lucro”, disse Julio Lima, chefe da unidade de fiscalização de agrotóxicos do Ministério da Agricultura. “A gente vê que tem esta mudança de comportamento para o comércio de agrotóxico porque o valor de mercado e a demanda aumentaram muito.”

Estima-se que 25% do mercado de agroquímicos do Brasil seja composto por produtos ilegais, de acordo com um estudo do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF). Lima contesta essa estimativa, fixando o total em torno de 15%.

O mercado vale 14,9 bilhões de dólares, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

Diferentes regulamentações nacionais para o uso de pesticidas também são um problema, assim como as penas leves do Brasil para os infratores, dizem os especialistas.

Marco Palhano, chefe do serviço de fronteiras da Polícia Rodoviária Federal, disse à Reuters que o herbicida paraquate, que é altamente tóxico e está proibido desde 2020, foi a substância mais apreendida este ano.

“Os agricultores ignoram a proibição e continuam comprando”, disse ele.

De acordo com a ONG Drugwatcher, o paraquate ainda é pulverizado em mais de 50 tipos de culturas, em aproximadamente 120 países, inclusive nos Estados Unidos. Mas enquanto cerca de 32 nações baniram ou restringiram o uso da substância, as exportações continuam fluindo.